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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

É como uma confusão que é tranquila

Tomei banho, comecei a sentir medo, medo de voltar a ter ataques de pânico e de não ter ninguém por perto "Já estiveste pior, e estava igualmente sozinha e de alguma forma suportaste e soubeste conduzir bem a tua vida" parece piada este pensamento. Cheguei a acordar no chão da sala, não devo ter tido forças para chegar ao quarto e fiquei no tapete da sala mesmo. Quando morava acompanhada encontraram-me desmaiada no chão da cozinha de baixo da mesa, teimo muitas vezes em comer de noite e depois por vezes dá nisso, essa altura por sorte caí bem e não espetei a faca que usei para cortar o pão em mim, a minha amiga ajudou me e levou-me para a minha cama e deu me comida, disse que não era muito comum as pessoas dormirem e comerem mas eu ficava feliz a fazer aquilo, mas não ficava é uma maneira de me auto-mutilar, como e como e depois fico com remorsos e quando engordo ou sinto que engordo vomito. Ultimamente ando a comer de madrugada e a ver series sem parar mas não vomito apenas abuso das series e da comida e deixo que elas me controlem.
Saí do banho e os olhos piscavam e ardiam, fiquei assustada e tomei o meu calmante do almoço, como acordei tarde tomei a medicação do pequeno almoço (estabilizador e calmante) ao almoço e agora (ao lanche) tomei o calmante do almoço. Ao vestir-me vi que tinha a mão com algum sangue, cortei-me não sei como e nem percebi, agora que vi, percebi que ardia, e percebi também que tinha trocado o meu estabilizador pelo meu antipsicótico e estava era a morrer de sono, numa tentativa desesperada fiz um café horrores de forte, ridículo, café comigo não funciona muito então depois de um antipscótico nem pensar e se lutar contra ele, só fico é embriagada. Tomei o estabilizador em falta e telefonei para duas amigas para pedir um conselho, pois este meu banho tinha a finalidade de me vestir e arranjar para depois ir para o curso de representação e se não vou tenho de avisar. Podia inventar uma desculpa, mas mais tarde ou mais cedo tenho de explicar o que se passa comigo. Situações assim nunca me aconteceram, é verdade que já inventei que tomei comprimidos acidentalmente e cheguei a tomar mesmo comprimidos para me livrar de compromissos chatos (desta forma não era bem mentira) mas nunca tinha passado por tomar comprimidos errados sem querer.
Tenho sentido que estou a ficar parece que demente (palavra muito forte) talvez a voltar a descompensar, sinto tanta dificuldade em tomar conta de mim, esqueço-me de tudo com tanta facilidade, ontem foi do telemóvel, perdi-o na minha própria casa e só o encontrei hoje e por acaso, levo coisas para lugares errados, levei o aquecedor para a casa de banho e era par a sala, vou fazer uma coisa simples agora já e 2 segundos depois esqueci o que era, custa e imenso cuidar de mim, vestir-me sem que pareça uma miserável, custa combinar coisas, não é as crises de mulher "Oh! Não tenho nada que vestir!" não é isso.
Passei o dia a chorar e nem dei conta, quer dizer não dei logo conta, não dei conta de que estava a chorar.
As alucinações olfactivas estão mais intensas nesta fase e pela primeira vez estou a ter alucinações olfactivas desagradáveis, antes era apenas sobre florais e perfumes sempre magníficos, agora já aconteceu serem desagradáveis como um cheiro a mofo, casas desabitadas, coisas assim mais pesadas, quase insuportáveis, quase tanto quanto as alucinações auditivas.
Sinto-me desprezada por todos, tenho sonhos recorrentes onde eu sou, ou alguém é, rejeitado.
Hoje depois da formação ia haver uma festa com os meus amigos, já me mandaram mensagens e ligaram e ainda ontem encontrei alguns por acaso na rua e senti o quanto sou querida, gostava tanto de poder ir, mas tive de tomar esta merda... afastei-os tanto e mesmo assim eles gostam de mim, e só de pensar neles e nos abraços que me dão choro, choro porque eles me aceitam e eu não consigo aceitar-me
Não quero ser um desses borderlines condenados a ter um futuro igual ao seu passado. Prefiro a morte ainda que não saiba o que ela é.

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