Quando me disseram que era borderline, fiquei extremamente chateada, entrei em negação, chorei, berrei, procurei a cura, revi toda a minha vida em buscar do momento em que se fez o clique que me tornou nisto, como se houvesse escolha, como se a escolha tivesse sido minha. No dia em que me disseram o meu diagnóstico final após quase 15 anos em psiquiatras foi como se me tivessem acabado de ler uma sentença de morte, eu sabia o que aquilo significava. Significava que afinal o pior ainda estava para vir. Não era uma má fase, eu era doente, algo de errado se passava mesmo comigo e eu não ia conseguir fugir, curar-me, ser feliz, aquilo estava dentro de mim.
Fui falar com o médico que me seguia há mais tempo e ele voltou a dizer que eu não era borderline, que apenas tinha sofrido muito ao longo da vida e era extremamente sensível, era impossível estar bem dadas as circunstâncias, mas no dia em que deixasse alguém derrubar esta muralha que criei em minha volta eu ia conseguir ser feliz. Sempre achei que aquele médico era apenas bom demais para me conseguir dizer a verdade, sempre achei que ele queria que continuasse a ter esperança de que um dia eu ia saber o que era ser feliz embora soubesse que era uma - e seria sempre demasiado - danificada para este mundo. Fui reencaminhada para um dos melhores médicos e especialistas no meu problema e amigo do meu médico, ele confirmou
que eu era borderline (o meu médico não podia continuar a seguir-me porque estava noutra cidade e eu estava a precisar de um médico a tempo inteiro - tinha 3 consultas por semana, estava internada na altura).
Aceitei o diagnóstico passados alguns meses e após perceber de que nada me servia lutar contra ele, mas decidi que o demónio em mim não havia de levar a melhor. Sou infinitamente mais anjo que demónio e não gosto de mim quando sou "aquilo" no entanto se estou muito tempo com certas pessoas (ex: a minha Mãe) sou apenas demónio e sou o Ser mais miserável deste mundo e se fico muito tempo em sociedade desequilibro por completo e se fico em reclusão total entro em alienação. De uma forma ou de outra não nasci para este mundo.
Ontem percebi que é uma questão de dias até o que o meu namoro chegue ao fim. Quando gostamos das pessoas deixamos que elas sejam livres em vez de as arrastarmos para a nossa miséria, e, eu não o vou arrastar para isto. Não me estou a conseguir controlar e voltei a ter um xilique e eu vou ter sempre xiliques.
Pesquisei imenso sobre por quanto tempo um borderline se consegue manter estável e constatei que não é por muito, eu tive sorte, e estou estável desde Junho\Julho de 2011 ou seja 7 meses, este não conta porque Janeiro está me a dar dores de cabeça, tenho pensado muito em como a vida não vale a pena, em como preciso urgentemente de me cortar, sinto-me inquieta, aflita, agoniada, angustiada, por umas horas e depois passa, mas tem sido cada vez mais constantemente. E pior, ando me a sentir e a acordar irritada e isso eu já não sentia há meses e meses.
Não quero voltar a ser aquela pessoa... mas alguma vez a deixei de ser?
Vou perder o namorado, depois o emprego, depois morro! Não passo de um monstro mesmo. Se não fossem os meus animais, nada valia a pena, estou aqui por eles, meus anjinhos.
_____________
Quadro: Edvard Munch "Dance of Life" (1900)
4 comentários:
Tens de te contrariar. Nao acabes com o teu namorado. Tu tens direito a ser feliz.
Eu não sabia deste blogue -.-
Quando há dias cliquei no link no outro, redireccionava mas era para outro que por acaso tinha a mesma postagem xD
Amanhã passo aqui para ler, agora já são Oh30 quase, estou a cair de sono O.o
Bjinhos e obrigada por tudo menina :)
Acredito que seja mesmo muito difícil. Não digas que vais perder o teu namorado ou emprego, não te ponhas mais em baixo! Tu não és monstro nenhum, caramba! Não és perfeita, ninguém o é nem nunca foi, por isso ninguém pode exigir que sejas brilhante, nem tu própria. Apenas podes exigir de ti que vais lutar para que esse problema não te proíba de seres feliz. Tu mereces!
Não acabes a relação. Às vezes os namorados são a única coisa que nos mantém minimamente sãs.
Toda a gente tem um lugar no mundo, se calhar só não sabes bem o teu.
Espero que o encontres.
Beijinhos***
Enviar um comentário